Rechercher dans ce blog / Procurar neste blog

jeudi 22 décembre 2011

Adaptar-nos-emos

Desde a primeira vez que cheguei à França, uma das primeiras coisas que eu percebi foi todo o ritual existente em torno de uma boa mesa de comida. Daí pensei: "Gente! Meu lugar é mesmo aqui". Vocês podem me dizer que no Brasil a gente também gosta de comer e não tiro a razão de ninguém. Porém a grande diferença estar em saber apreciar o momento da comida, ou seja, todos os efeitos que ela lhe causa quando entra em contato com as suas papilas gustativas.

No Brasil tem essa onda da fartura, do exagero, daquele mundo de comida que não acaba mais... já viu festa de bacana? Você chega num salão de festas e lá no fundo tem uma mesona de buffet com um monte de coisas... daí a galera começa a fazer a fila, pega um pratinho e manda a ver na quantidade (para evitar a fadiga de ter que pegar a fila de novo, né?!). Então a gente fica ali nos petiscos, cervejinha e lá pelas tantas eles servem o jantar (e sempre tem aquele sorvete com calda quente de banana... sempre assim!) em que tem carne pra dar com o pau, arroz e uma saladinha. Enfim, você sai da festa estufada, com o vestido mostrando a costura lateral e a sandália de salto você já arrancou faz tempo. E quais são os comentários no dia seguinte : "A festa do fulano? Vixi Maria! Bom demais da conta... comi que nem um porco véi capado." E tenta entrar na linha o resto da semana até o pŕoximo evento social.

Mas como já evoquei aqui no blog, a Mãe Natureza é cruel e a lei da gravidade mais ainda. Então quando me deparei com a realidade francesa - neste caso estou falando das mulheres francesas que podem ser sem-graça, mas são magras! - eu não tive outra escolha a não ser me adaptar ao meio. E aí, meus queridos a coisa muda de tom.

Você é convidado para ir jantar na casa de alguém aqui. Primeira coisa: confirme antes se você vai e se você pensa em levar mais alguém com você (nada de primos penetras de última hora. É inadmissível!). Leve algo para o anfitrião: uma garrafa de vinho, uma caixa de bombons ou flores, mas faça o favor de não chegar de mãos abanando). Não chegue na hora. Explico: o jantar está marcado às 20h, logo entre 20h10 e 20h15 você estará tocando a campainha. Nada dos atrasos fenomenais "culturalmente aceitos" que nós temos no Brasil (n'importe quoi! Franchement...).

Chega a bendita hora de passarmos à mesa: e é aí que está a diferença! Você sabe que terá entrada, prato principal, queijos e sobremesa se estivermos num contexto tipicamente francês (e eventualmente diferentes vinhos para acompanhar cada etapa do jantar). Então você não vai encher o seu pratinho e nem pegar fila porque provavelmente ele já virá servido ou será o anfitrião que o fará começando sempre pelas mulheres e terminando por ele mesmo.

O franceses são "cri-cris". Sem cerimônia nenhuma eu afirmo isso porque eles são cheios das nove horas mesmo. Depois que todos estiverem servidos aí sim podemos começar a comer. E a primeira coisa que notamos é a quantidade de comida servida. Uma brasileira como eu, acostumada com churrascos infinitos e tachos imensos de feijão tropeiro, pensou: "Vou ficar com fome...". Mas não, o jogo aqui é outro. Não se trata somente de encher a pança, mas de fazer do ato de comer um encontro sutil de prazeres. E depois de mais de 3 horas sentada à mesa você chega ao final do jantar linda, leve e solta (este último devido à quantidade de vinhos ingeridos ao longo da noite).

Não pensem que faço apologia à cultura francesa e descarto a minha cultura-mãe. Não, não. Estou bem longe disso. Entretanto, uma coisa que eu aprendi aqui: é ter prazer em comer, tirar um tempo do meu dia para isso, sentar à mesa e conversar com as pessoas (não às TVs ligadas durante as refeições!!!) que dividem isso comigo. Aprendi também a comer 3 produtos derivados do leite e 5 porções de frutas e legumes por dia... rsrsrsrs. Eu digo que os franceses são cheios de mania...

2 commentaires:

  1. nossa amei o texto...eu com os meus estudos já sabia de todos os hábitos franceses, mas fiquei com a consciência pesada...passei cinco dias na fazenda aí vc já viu né?! comer que nem um porco véi capado é de praxe...é fazer o café da manhã pensando no almoço e assim vai!! acho que me acostumaria fácil fácil a esse estilo de vida!! o que eu tenho não difere muito..tento sempre comer a mesa e apreciar as refeições, mas nem sempre é possível, e pode ter certeza de que com o orçamento curto não dá pra fugir do habitual 'arroz com feijão'! beijos soffy

    RépondreSupprimer
  2. Uai!! O convite continua aberto. Pode vir pra ca qdo vc quiser! Mas não reclame do tradicional arroz e feijão! Com uma salada e uns legumes vc jah tem tudo q precisa.

    RépondreSupprimer